História da Sericicultura em Portugal. Origem e Utilização Actual dos Bichos-da-Seda e da Seda
No decorrer do 1º Encontro de História da Ciência no Ensino, realizado no dia 27 de Maio de 2015 na Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real foram apresentados um conjunto de três trabalhos subordinados ao tema: História da Sericicultura em Portugal. Origem e Utilização Actual dos Bichos-da-Seda e da Seda pelo o Professor Doutor Jorge Azevedo.
Estes trabalhos foram realizados com a colaboração Maria Alexandra Mascarenhas e Ana Mascarenha, sendo que ao longo das próximas semanas serão divulgados pelo nosso portal.
História da Sericicultura em Portugal. Origem e Utilização Actual dos Bichos-da-Seda e da Seda
RESUMO
A sericicultura ou criação dos bichos-da-seda acompanhou a história dos portugueses até meados do século XX, altura em que se encontrava já decrépita, acabando a produção nacional por desaparecer dos circuitos comerciais pondo fim a uma convivência de cerca de oito séculos. Dada a importância económica que a produção de seda de origem natural já representou em Portugal (Azevedo, 1999), o atual saldo negativo da balança comercial a nível do comércio internacional da seda de aproximadamente 16 milhões de euros (INE, 2014) a perspetiva de a produção de sirgo e a indústria da seda que lhe está associada, virem a ser apoiados no quadro comunitário 2014/2020 motivou a realização deste trabalho publicado em 3 artigos, dos quais este é o primeiro. Escrever sobre criação de sirgo Bombyx mori L. implica, para a maior parte dos autores falar da cultura da amoreira que tradicionalmente lhe está associada, dado que as folhas dessa árvore em Portugal eram o seu alimento exclusivo, com a finalidade única que era a produção de fio de seda (Ataíde 2007). Não é assim de estranhar que a maior parte dos livros sobre sericicultura, desde os mais antigos aos mais recentes, tenha um capítulo sobre a produção de amoreiras (Lang, 2014; Rafael Bluteau, 1679), referindo mesmo (Tinelli, 1843) que para a criação de bichos-da-seda é necessário possuir primeiro boas plantações de amoreiras.
Atualmente há a possibilidade de alimentar o sirgo com alimentos conservados à base de folhas de amoreira. Na Ásia existem espécies de bichos-da-seda que se alimentam de asan e arjun (plantas nativas da Índia), de carvalho, de rícino, de sal (árvore) e figueira. A sericicultura que se iniciou na China, espalhou-se pela Coreia e Japão e só depois chegou aos Países Ocidentais (Pereira, Silva, & Bermudez, 2014), chegando o seu valor, de acordo com Procopio (historiador bizantino) no século VI, a ser igual ao do ouro (Tinelli, 1843). A utilização tradicional da criação de bichos-da-seda era para a obtenção de casulos, dos quais era extraído o fio de seda e posteriormente usado na indústria têxtil. Hoje, de acordo com (Jiping, 2013) tem múltiplas utilizações, que vão desde a alimentar (humana e animal), à medicina tradicional chinesa e à produção de biomateriais para a medicina.
Palavras-chave: Bicho-da-seda, seda, sericicultura, sirgo, Portugal
Contactos do Autor:
Jorge Azevedo
Coordenador de Portugal da BACSA
(The Black, Caspian Seas and Central Asia Silk Association)
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias
Departamento de Zootecnia
5000-801 Vila Real • PORTUGAL
Telefone: +351 259 350 416
E-mail: jazevedo@utad.pt
Fonte: Professor Doutor Jorge Azevedo
Data de publicação: 01/06/2015 14:53
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